terça-feira, 4 de agosto de 2009

OLHAAA LÁ!







Quando meu pai me pedia para eu fazer algo, até me arrepiava de medo.


Que fosse ir a garagem pegar alguma coisa no carro ou ir até a padaria comprar pão. Eu já sabia que viria alguma crítica sobre o que tinha feito.


Ao cumprir o contrato verbal, (ele mandar e eu fazer), seguia sempre uma pergunta “Vc tem certeza que fez direito?” Eu só balançava a cabeça em sentido de um duvidoso sim e quando dava errado ele dizia “Olhaaa lá!”.


Com aquela expressão que ele fazia, a minha cabeça de criatura comum transformava o poderoso ‘Olha lá’ em : Mas que merda! Tinha que ser você!


Bobagem eu escrever sobre este assunto com todo este sabor de nostalgia, mesmo porque isso acontece até hoje. Oh sim, acontece!
Cresci traumatizada!


Além disso, minha mãe dizia para eu não aceitar doces de nenhum estranho. Agora não consigo comer nada que me ofereçam. Sempre desconfio que dentro existe um punhado de chumbinho.


Traumatizada!


Quando eu tinha 5 anos, minha tia riu da minha saia amarela de lambada que ela mesma tinha me dado. Criatura comum crescida que sou: não uso saia, não uso roupa amarela e nem danço lambada.




Traumatizada não! Bobagem mesmo!


Depois de alguns anos descobri que meu pai fazia e faz aquele tipo de contrato com todos, inclusive com o meu cachorro. Na mesma semana vi minha mãe sorridente aceitar um bolo de uma desconhecida que havia recém se mudado para o nosso prédio. E hoje minha tia de saia é asidua frequentante de bailes que tocam os mais bizarros tipos de música.


Enfim, depois de todas as tensões psicológicas e das soluções que foram dadas a elas sem que eu não precisasse fazer absolutamente nada, cheguei a duas conclusões ...
Ok.






Primeira: Não terei filhos, até que façam um livro eficaz de auto-ajuda infantil . A segunda é: Não se preocupe! Existem coisas que o tempo (sozinho) explica e cura.
















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